VASCO DA GAMA
Descoberta do caminho marítimo para a Índia (1497-1499)
- Antecedentes
Desde o início do século XV,
impulsionados pelo Infante D.Henrique , os portugueses vinham
aprofundando o conhecimento sobre o litoral Africano. A partir da década de
1460, a meta tornara-se conseguir contornar a extremidade sul do continente
africano para assim aceder às riquezas da Índia - pimenta preta e outras especiarias
- estabelecendo uma rota marítima de confiança. A Republica da Veneza dominava grande parte das
rotas comerciais entre a Europa e a Ásia, e desde 1453 a tomada de Constantenopla pelos otomanos limitara o comércio e aumentara os custos.
Portugal pretendia usar a rota iniciada por Bartolomeu Dias para
quebrar o monopólio do comércio mediterrânico.
Quando Vasco da Gama tinha cerca de dez anos,
esses planos de longo prazo estavam perto de ser concretizados: Bartolomeu Dias
tinha retornado de dobrar o Cabo de Boa Esperança ,
depois de explorar o "Rio do Infante" (Great Fish River, na atual África do Sul) e após ter verificado que a
costa desconhecida se estendia para o nordeste.
Em simultâneo foram feitas explorações por
terra durante o reinado de D. João II de Portugal, suportando a teoria de que a
Índia era acessível por mar a partir do Oceano Atlântico. Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva foram enviados via
Barcelona, Nápoles e Rodes até Alexandria, porta para Aden, Ormuz e Índia
Faltava apenas um navegador comprovar a
ligação entre os achados de Bartolomeu Dias e os de Pêro da Covilhã e Afonso de
Paiva, para inaugurar uma rota de comércio potencialmente
lucrativa para o Oceano Índico. A tarefa fora inicialmente atribuída por D.
João II a Estevão da Gama, pai de Vasco da Gama. Contudo, dada a morte de
ambos, em Julho de 1497 o comando da expedição foi delegado pelo novo rei D. Manoel I de Portugal a
Vasco da Gama, possivelmente tendo em conta o seu desempenho ao proteger os
interesses comerciais portugueses de depredações pelos franceses ao longo da
Costa do Ouro Africana.
- A Viagem
Manuel I de Portugal confiou a Vasco da Gama o
cargo de capitão-mor da frota que, num sábado 8 de julho de 1497,
zarpou de Belém em demanda da Índia.
Era uma expedição essencialmente exploratória que
levava cartas do rei D. Manuel I para os reinos a visitar, padrões para colocar, e que fora equipada
por Bartolomeu Dias com alguns produtos que haviam
provado ser úteis nas suas viagens, para as trocas com o comércio local. O
único testemunho presencial da viagem é consta num diário de bordo anónimo,
atribuído a Álvaro Velho:
Contava com cerca de cento e setenta homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações:
§ São Gabriel, uma carraca de 27 metros de comprimento e 178 toneladas, construída especialmente para esta
viagem, comandada pelo próprio Vasco da Gama;
§ São Rafael, de dimensões semelhantes à São Gabriel, também
construída especialmente para esta viagem, comandada por Paulo da Gama, seu irmão; no regresso, com a
tripulação dimunuida, foi abatida em Melinde, prosseguindo na Bérrio e São
Gabriel.
§ Bérrio, uma caravela ligeiramente menor que as
anteriores, oferecida por D. Manuel de Bérrio, seu proprietário, sob o comando
de Nicolau Coelho;
§ São Miguel, uma carraca para transporte de mantimentos, sob o
comando de Gonçalo Nunes, que viria a ser queimada na ida,
perto da baía de São Brás, na costa
oriental africana.
A expedição partiu de Lisboa, acompanhada por Bartolomeu Dias que seguia numa caravela rumo à
Mina, seguindo a rota já experimentada pelos anteriores exploradores ao longo
da costa de África, através de Tenerife e do Arquipélago de Cabo Verde. Após atingir a costa da atual Serra Leoa, Vasco da Gama desviou-se para o sul
em mar aberto, cruzando a linha do Equador, em demanda dos ventos vindos
do oeste do Atlântico Sul, que
Bartolomeu Dias já havia identificado desde 1487.
Esta manobra de "volta do mar" foi bem
sucedida e, a 4 de novembro de 1497,
a expedição atingiu novamente o litoral Africano. Após mais de três meses, os
navios tinham navegado mais de 6.000 quilómetros de mar aberto, a viagem mais
longa até então realizada em alto mar.
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